Entidades das cidades de Mariana, Itabirito e Ouro Preto se integram na busca de experiências bem-sucedidas no Brasil no que diz respeito ao combate à Covid-19. Os representantes das ACEs - Associações Comerciais e Empresariais, CDLs – Câmara de Dirigentes Lojistas e da Adesiap – Agência de Desenvolvimento Econômico e Social dos Inconfidentes e Alto Paraopeba iniciaram uma buscativa do que tem dado certo para que menos vidas sejam ceifadas e para que a economia possa rodar, gerando riqueza, emprego e renda, inclusive para o próprio financiamento do sistema de saúde.
As três cidades que pertencem à microrregião de Ouro Preto têm sofrido com os impactos causados pela pandemia, pessoas morrendo e empresas fechadas. Para Douglas Cardoso e Carolina Tabari, Leonardo Hamilton presidentes da Associação Comercial de Itabirito, da CDL de Itabirito e da Adesiap respectivamente, “a situação só não é pior devido às operações das mineradoras nos municípios, as quais contribuem com a arrecadação municipal e mantém alguns milhares de empregos”. Porém, o segmento que mais emprega, o comércio, vive mais fechado do que aberto e “é impossível continuar desta forma”, afirma Amarildo Pereira, presidente da Associação Comercial e da CDL de Mariana. “Voltamos a funcionar no dia 3 de maio, mas já foram mais de 46 dias de portas fechadas, praticamente sem faturamento nenhum, e, com isso, vários negócios foram fechados, consequentemente demissões foram inevitáveis”.
Desta forma, diante de tal cenário, as entidades contrataram o professor, consultor, gestor e médico, Dr. Michel Cadenas, que atuou por 15 meses como consultor médico pelo Hospital Sírio Libanês no Projeto LEAN NAS EMERGÊNCIAS do Ministério da Saúde e no Projeto Todos pela Saúde da Fundação Itaú, durante a pandemia. Dr. Michel Cadenas foi o responsável pela criação do processo da Linha de Cuidado aos pacientes com Covid-19 no município de Chapecó/SC. Para Dr. Cadenas, é preciso visualizar todo o processo de atendimento “Linha de Cuidado” ao paciente, desde o início dos sintomas, até o tratamento pós Covid-19. “É como se fosse uma linha de produção, onde todos os processos (Diagnóstico Precoce, Vínculo Imediato, Isolamento do paciente, Telemonitoramento, Ambulatório Covid-19, Monitoramento Presencial, Exames Laboratoriais, Unidade de estabilização, entre outros) precisam fluir para que o sistema de saúde possa funcionar bem e cumprir com seu papel no que tange à assistência ao cidadão”.
Para os senhores Paulo Ferreira e Valmir Maximiano da Associação Comercial de Ouro Preto, “faz-se necessário conhecer todo cidadão positivado, para que o sistema de saúde possa se programar para atender aproximadamente os 20% dos infectados que necessitarão dele. Se não soubermos a realidade de quantos infectados, não conseguiremos dimensionar a estrutura ideal. E não podemos errar, estamos falando de vidas. ”
O Consultor Dr. Cadenas esteve nos municípios e foram realizadas várias reuniões com empresários, secretários de saúde, prefeitos e com a sociedade civil organizada. Foi realizado também o trabalho de campo, com visitas técnicas aos equipamentos de saúde. No último dia de trabalho, foi apresentado aos respectivos prefeitos, secretários entre outras autoridades no assunto, o diagnóstico da situação de cada território com o olhar da experiência de 15 meses de aprendizado, ou seja, das melhores práticas no enfretamento à Covid-19.
Denis Donato, Diretor Executivo da Adesiap, afirmou: “foi tudo muito rápido, integrar três entidades de municípios diferentes, secretários e prefeitos, no primeiro momento parecia quase impossível diante do prazo, mas todos os representantes desses municípios estavam abertos à proposta, e isso contribuiu e muito. Ao entregarmos o trabalho para os executivos municipais, nesta sexta-feira, dia 30 de abril, a sensação era de dever cumprido, pois foi possível contribuir com o setor público através do nosso trabalho enquanto entidades do terceiro setor. ”
Todos os prefeitos, Juliano Duarte, Orlando Caldeira e Ângelo Osvaldo, dos municípios de Mariana, Itabirito e Ouro Preto respectivamente, entenderam o diagnóstico, elogiaram o trabalho, e o melhor, juntamente com seus secretários de saúde, se comprometeram a iniciar as ações de melhorias.
Danilo Brito, secretário de saúde de Mariana, disse: “O trabalho foi excelente, pois mapeou os nossos pontos fortes, ou seja, onde estamos acertando mesmo em um cenário de guerra provocado por uma pandemia, mas também apresentou os pontos de melhorias, os quais iniciaremos de imediato, pois quero, em pouco meses, convidar o Dr. Cadenas para fazer uma nova avaliação desses indicadores. Não tenho dúvida que melhorarão ainda mais, pois, com a estrutura que temos hoje, principalmente de profissionais, tais melhorias serão fáceis de serem implementadas, trazendo, assim, mais qualidade para a nossa população. Eu só tenho a agradecer o trabalho realizado pelas entidades. ”
Importante ressaltar que todos os três municípios foram bem avaliados pelo consultor frente aos trabalhos que até aqui foram desenvolvidos pelas secretarias de saúde. Segundo Nilmara Soares, gerente do projeto, Dr. Cadenas elogiou muito as estruturas, infraestruturas e principalmente a qualidade dos recursos humanos.
O próximo passo agora é integrar as demandas das prefeituras e organizar recursos financeiros e humanos para que possamos melhorar ainda mais o atendimento à nossa população, afinal não podemos deixar de planejar, executar e monitorar de forma coletiva, pois os três municípios dependem da mesma estrutura hospitalar, o Hospital Santa Casa de Misericórdia. Assim, salvaremos mais vidas e a economia. E, caso aconteça uma terceira onda nos próximos meses, conforme previsto por alguns especialistas, estaremos preparados para enfrentá-la.