Equipe BDMG em 2 de Abril de 2019.
As taxas de juros de financiamentos costumam ser uma das maiores preocupações dos empreendedores que estão à procura de crédito, de acordo com o indicador econômico da SPC Brasil de 2018.
Os juros, geralmente, são temidos e causam receio entre os gestores, pois tornou-se comum conhecer algum empresário que se complicou com uma dívida e teve dificuldades para sair do vermelho por conta das taxas elevadas.
Segundo a pesquisa da Serasa Experian de agosto de 2018, esse cenário de inadimplência das empresas cresce cada vez mais: foram registrados cerca de 5,57 milhões de CNPJs negativados no Brasil, um aumento de 8,4% em relação ao mesmo mês do ano passado (5,14 milhões).
A taxa de juros é capaz de afetar decisões de consumo das pessoas e, também, sobre quais investimentos serão feitos dentro da empresa. Por isso, para lhe ajudar a comparar essas taxas em diferentes bancos e escolher a opção mais vantajosa para o seu negócio, preparamos esse conteúdo completo para você conhecer quais são os tipos de taxa de juros existentes no mercado de empréstimos e financiamentos.
Em poucas palavras, a taxa de juros é o valor adicional que você paga em relação ao financiamento que contratou. Ou seja, é o preço que o banco cobra por esse serviço: de emprestar dinheiro e receber de volta no prazo e condições pactuadas.
Para determinar o preço de um produto, um vendedor leva em consideração diversos fatores, por exemplo, o preço da matéria-prima, da mão de obra, do estoque, da distribuição etc.
Da mesma forma acontece na hora do banco definir a taxa de juros de um financiamento. É preciso levar em conta os custos de manutenção do serviço e o risco de crédito — qual a chance do cliente ficar inadimplente e o banco não receber o pagamento do dinheiro.
Apesar de cada instituição financeira estipular qual será a taxa de juros de seus financiamentos, esse processo é feito sempre tendo como base a Taxa SELIC.
A taxa SELIC é a taxa básica de juros da economia. A sigla SELIC significa Sistema Especial de Liquidação e Custódia, que é o ambiente eletrônico na qual os títulos das operações são registrados, negociados e vendidos diariamente.
É o principal instrumento utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação e influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras.
Atualmente, o Banco Central projeta a taxa SELIC em 6,5% ao ano em 2019.
Para saber mais sobre a taxa básica de juros SELIC e como ela afeta os investimentos dentro do seu micro ou pequeno negócio, veja o vídeo abaixo, produzido pela equipe do Nexo Jornal:
Existem três tipos de taxas de juros no mercado financeiro: a taxa nominal, taxa efetiva e a taxa real. Acompanhe quais são as principais diferenças entre elas:
A taxa nominal é a mais utilizada pelas instituições financeiras durante a divulgação de seus serviços. É quando o período de capitalização dos juros — momento em que há incidência de juros sobre o dinheiro — não é o mesmo da taxa de referência.
Por exemplo, podemos ter uma taxa anual, mas com os juros sendo calculados e acrescidos mês a mês.
São exemplos de taxas nominais:
Esse tipo de taxa de juros não leva em consideração a perda do valor do dinheiro devido à inflação.
Diferentemente da taxa de juros nominal, a taxa de juros efetiva é expressa de forma percentual em um período igual ao do momento de capitalização dos juros ao capital.
Ela é definida como uma taxa equivalente, pois o prazo de capitalização efetivamente praticado é o mesmo do prazo de referência (mensal, trimestral ou semestralmente).
Ao final de cada período de tempo, o juros são aplicados ao dinheiro e podem ser negociados por meio de duas formas de liquidação:
Juros simples:
Quando se trata de juros simples, os juros são cobrados apenas sobre o montante que foi emprestado (também chamado de capital inicial).
Por exemplo, se você solicitar um financiamento de R$ 10 mil e os juros forem de 10% ao ano, você sempre pagará 10% de R$10 mil, ou seja, R$ 1.000,00 por ano até o final.
Juros compostos:
Já com os juros compostos, mais conhecidos como “juros sobre juros”, o cálculo é sobre o capital inicial mais os juros acumulados.
Por exemplo, se você solicitar um financiamento de R$ 10 mil e os juros forem de 10% ao ano, o cálculo será:
No primeiro ano, juros de R$ 1.000 [R$ 10 mil x 10%];
No segundo ano, juros de R$ 1.100 [R$ 11 mil (principal + juros do 1º ano) x 10%]
Além dessas duas formas de juros, em caso de não pagamento da obrigação financeira, há o juros moratórios ou juros de mora. Uma taxa percentual sobre o atraso do pagamento de um título de crédito em um determinado período de tempo.
O juros de mora atua como uma espécie de indenização pelo retardamento da dívida. Essa taxa pode ser acordada e estabelecida entre as partes, ou em caso de ausência do acordo, serão aplicados os juros determinados por lei, segundo o Banco Central.
A taxa real existe para avaliar os juros levando em consideração a inflação, uma vez que ela pode influenciar o poder de consumo das pessoas e é um dos riscos que muitos empresários estão sujeitos quando realizam algum tipo de investimento. Dessa forma, é importante estar atento a essa modalidade de taxa de juros.
O rendimento de um investimento ou o custo de um financiamento se tornam mais claros quando se desconta a inflação, obtendo-se a taxa de juros real.
De maneira simplificada, pode-se calcular a taxa de juros real subtraindo da taxa nominal a porcentagem da inflação. Segundo informações do Banco Central de fevereiro de 2019, há uma estimativa de que a inflação esteja abaixo de 4% para esse ano.
Uma maneira muito comum no mercado financeiro de analisar o investimento mais adequado para a empresa é comparar apenas a taxa de juros entre os bancos. No entanto, fazendo a avaliação desse modo, você não terá a garantia total de que, realmente, estará escolhendo o crédito ideal para o seu negócio.
Isso porque é necessário levar em consideração tudo o que está incluso no financiamento que você irá contratar, como tarifas e outros tributos adicionais. Por isso, o melhor caminho para realizar essa comparação é analisando o CET: Custo Efetivo Total.
O CET leva em conta não só as taxas de juros, mas todas as tarifas, tributos, seguros e despesas que você empreendedor tem que pagar quando está na procura por crédito.
Um financiamento empresarial, por exemplo, pode ter uma taxa de juros menor do que o outro, mas cobrar uma tarifa e encargos mais caros que podem não compensar no final do pagamento. Por isso, fique atento!
Em relação às tarifas e tributos que compõem o CET, você precisa ficar de olho no IOF e nas tarifas de cadastro:
Dica BDMG: Se você solicitar um financiamento, e o banco exigir algum depósito antecipado, fique alerta! Isso pode ser um golpe. A orientação do BDMG é nunca fazer um depósito inicial para obter financiamentos, principalmente, se o depósito for em conta de pessoas físicas, em vez de contas empresariais.
Além de pesquisar e comparar os financiamentos, faça também um planejamento e veja se o pagamento do financiamento caberá no orçamento da sua empresa. O ideal é que ele não sufoque as finanças da sua empresa, mas que seja um investimento para o crescimento do seu negócio.
Fonte: Blog BDMG